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Foto do escritorJuliana Navarro

Hipnoterapia

A hipnose, quando usada em contexto terapêutico, é uma excelente ferramenta para acesso ao conteúdo inconsciente do paciente.


A hipnoterapia ou hipnose clínica é um conjunto de técnicas hipnóticas utilizadas com fins terapêuticos, com o objetivo de tratamento de uma série de transtornos que podem ser emocionais, físicos ou psicológicos.


Para entender melhor a hipnoterapia, precisamos compreender a diferença entre transe, hipnose e hipnose clínica. Transe é o termo utilizado para nomear um fenômeno da mente, que se equipara a um estado meditativo. Popularmente falando, a frase "sonhar acordado" é um bom exemplo para ilustrar o estado de transe. Basicamente é um momento de estado muito focado da mente e isso pode ser experimentado de forma natural em diferentes momentos, tais como quando se ouve música, quando se está cozinhando, quando se está praticando um exercício, ou quando se está praticando um hobby, por exemplo. Já reparou quando há situações em que estamos fazendo algo que gostamos muito e parece que o tempo voou? Este é um exemplo do estado de transe: nossa mente se encontra plenamente focada no momento presente.


No momento do transe, encontramo-nos no que chamamos de estado alterado de consciência, o que pode ser observado quando estudamos - do ponto de vista da neurociência - o comportamento das ondas cerebrais durante o transe. Há diferenças nos níveis alcançados de transe e o oposto do transe é o que chamamos de estado de vigília.


A hipnose é um conjunto de técnicas em que o indivíduo é conduzido ao estado de transe. Com isso, é possível acessar conteúdos do subconsciente e do inconsciente que, no estado de vigília, não se consegue acessar. Quando essas técnicas são aplicadas em contexto terapêutico, com objetivo de tratamento do paciente, chamamos de hipnoterapia ou hipnose clínica. Quando utilizadas com fins lúdicos ou de entretenimento (muitas vezes misturadas com truques de mágica), falamos em hipnotismo ou hipnose de palco. Além da diferença no objetivo da hipnose, há também uma distinção nas práticas de indução do estado hipnótico.


No contexto clínico, observa-se como a hipnose é bastante utilizada por profissionais da saúde, tais como médicos, dentistas, psicólogos, terapeutas, fisioterapeutas devido aos efeitos físicos e psicológicos que a técnica alcança. Tanto é que vários são os conselhos que a reconhecem como prática de saúde (Conselhos de Medicina, Odontologia, Psicologia, Fisioterapia, Terapia Ocupacional) e desde 2018 ela foi incluída pelo Ministério da Saúde brasileiro na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares.


Autoria da imagem: Ilaria Urbinati

Não se usa a hipnose como cura, mas sim como meio para estabelecer um clima favorável à aprendizagem. | Milton Erickson

São diferentes as possibilidades de abordagem e utilização da hipnose clínica e cabe ao hipnoterapeuta compreender o melhor protocolo em cada momento. É através dela que conduzimos a terapia de retrocognição, mas a hipnose é mais abrangente: toda regressão é uma técnica de hipnoterapia, mas nem toda técnica de hipnoterapia é uma regressão.


Em comum, conseguimos observar algumas reações obtidas pelo transe induzido da hipnose. Em relação ao corpo físico, notamos algumas reações tais como o relaxamento muscular, respiração e pulsação mais lentos, voz mais baixa, diálogo mais lento, reflexo bem mais devagar, sensação de conforto, relaxamento da face. No campo psíquico, notamos que pode haver amnésia para parte do transe, sensação de anestesia, variação da sensação de decorrer do tempo, entra tantas outras. As sensações se manifestam conforme o nível de transe que o indivíduo alcançou.


Mas, afinal, há alguma contraindicação para a prática da hipnose? De forma geral, a hipnose pode ser amplamente aplicada, salvo algumas exceções. Ela não pode ser aplicada em pacientes com incapacidade cognitiva, pois o paciente precisa compreender bem as instruções dadas pelo hipnoterapeuta. Portanto, um paciente que faça uso de medicamentos que levem a certo nível de sedação não podem fazer o processo de hipnoterapia. Além disso, há algumas situações em que a técnica deve ser usada de forma ainda mais cautelosa, que são elas: pacientes com esquizofrenia, pacientes com histórico de surto psicótico e pacientes com cardiopatias graves.



Mitos sobre a hipnoterapia


Alguns mitos sobre o processo de hipnose faz com que algumas pessoas tenham medos infundados sobre a aplicação da técnica. Listo abaixo alguns deles para esclarecer possíveis dúvidas sobre a hipnoterapia.


Um deles é o fato de se achar que o hipnotizador exerce controle sobre o paciente. Isso é impossível porque cada indivíduo é soberano de sua própria consciência. E entendemos que o inconsciente é um agente sábio e extremamente inteligente, é ele o verdadeiro protagonista do processo de hipnose: o hipnoterapeuta somente conduz esse diálogo com o inconsciente. Portanto esse mesmo inconsciente não permite o acesso a questões que o paciente não esteja preparado para mostrar e tampouco mostra conteúdos psíquicos que o indivíduo não tenha condições de processar. Isso significa que o conteúdo que vier à tona o vem pelo desejo do paciente.


Outro mito comum é o medo de que a pessoa não consiga voltar do transe, o que também é impossível porque, como dito anteriormente: a consciência do indivíduo é soberana. O máximo que pode acontecer é o paciente adormecer (um dos sinais de transe profundo), mas ainda assim, quem dorme pode ser acordado.


Há também a crença de que a pessoa fica inconsciente em transe, o que também é infundado. O que acontece é que a hipnose leva a um foco de concentração bastante acentuado, mas não significa perda de consciência. Acontece a alteração do estado de consciência, mas muito raramente acontece a amnésia total (somente quando atingido o transe muito profundo).


O último ponto é o mito de que há pessoas que não podem ser hipnotizadas. Na verdade, o transe acontece com todas as pessoas, como já dito em anteriormente, até de forma natural. Isso faz com que todas as pessoas tenham o potencial de serem hipnotizadas, o que vai diferenciar é o nível de suscetibilidade hipnótica, que pode ir de leve a pleno.


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