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Foto do escritorJuliana Navarro

Psicologia Quântica

A Psicologia Quântica se vale dos princípios da física quântica como orientador no desenvolvimento de conceitos e fundamentos que buscam explicar a consciência.


Existem alguns termos e palavras que o ser humano muitas vezes se apropria, distorce ou utiliza para outros fins e isso acaba invalidando a seriedade e significado original que o termo carrega. "Quântico" é um deles. Ultimamente, essa palavra vem - no meu ponto de vista - sendo usada com certa banalidade por muitas pessoas. Acredito que seja um misto de vários significados que a palavra traga: ciência, modernidade, inovação, enfim. Fato é que, ao usar fora do campo da ciência, especialmente da física, o risco de se falar sobre "quântico" pode desvalorizar o real sentido da palavra.


Por isso, explicar em que se baseia a Psicologia Quântica é tão importante: significa desvencilhar os emaranhados naturais que o termo carrega e trazer luz ao assunto, que é um divisor de águas e amplia - e muito - nosso olhar sobre a consciência.


O ponto de partida é entender que a física é uma ciência que se vale da observação da natureza e experimentação. A busca por entender como tudo funciona e traduzir esse funcionamento em conceitos e equações é algo que caracteriza a física enquanto ciência. Por ser tão importante, inevitavelmente ela influencia tantas outras áreas do saber: engenharia, sociologia, filosofia, biologia, antropologia, psicologia, dentre tantas (tantas!) outras. Isso faz com que o olhar da física determine profundamente os rumos que a humanidade toda, já que esse saber pode ser (e é) extrapolado e aplicado em outras áreas de conhecimento.


Mencionar física com saberes tão abstratos como consciência, antropologia ou desenvolvimento pessoal pode parecer confuso, já que nossa perspectiva da física é de uma ciência que racionaliza o olhar humano sobre a natureza. Mas é importante perceber como há uma associação profunda entre esses conceitos e a forma como o comportamento e evolução humanas se dão. Uma das escritoras que mais gosto e que versa sobre o tema é Danah Zohar e ela nos mostra como estamos vivendo uma transição social profunda: estamos saindo da chamada sociedade mecanicista, que evoluiu científica e tecnologicamente a partir dos conhecimentos newtonianos, cartesianos e mecanicistas e toda a descoberta que se deu a partir de então, para dar lugar à chamada sociedade quântica.


Sociedade quântica é essa sociedade que evoluiu sobremaneira no âmbito tecnológico e, consequentemente, social também. Afinal, quem hoje não faz raio-x, ou usa aparelhos wireless, ou "rompe" barreiras de tempo-espaço com a tecnologia wifi para se comunicar via vídeo, através de seu celular, com alguém que está do outro lado do mundo, literalmente em outro tempo e outro espaço?


Da mesma forma como os filósofos e sociólogos se valeram, no passado, das ideias newtonianas para descobrir como os princípios da física se aplicavam à vida social, esses estudiosos o fazem hoje. Portanto, sociedade quântica é essa que estamos vendo nascer: que busca mais horizontalidade que hierarquia, que se conecta o tempo todo, que busca questionar e ter outra relação com a natureza, que busca olhar para si (e para dentro) com o intuito de se encontrar, que entende a importância da saúde mental (justamente aquela que não se pode ver concretamente falando), que busca mais espiritualidade e menos religiosidade e que, ainda assim, quer dialogar com a ciência, sabendo também olhar para o passado e ver qual conhecimento existiu e que pode ser recuperado, resgatado, reinterpretado e até reinventado.


O universo é autoconsciente através de nós. A busca por informação precisa dar lugar à transformação. | Amit Goswami

Lendo isso, você se identificou? Percebe como estamos na efervescência, na ebulição de uma mudança de paradigma muito profunda? Naturalmente, diversos cientistas emergem neste contexto trazendo um olhar distinto sobre o estudo da consciência. Nomes como Amit Goswami, Sunita Pattani, Joe Dispenza, Fred Alan Wolf, Jacobo Grinberg, Deepak Chopra, dentre tantos outros estudiosos vêm promovendo o debate sobre a aplicação de conceitos da física recente no comportamento humano. Esse conhecimento vem enriquecendo e trazendo novas possibilidades sobre a compreensão da psique humana, incluindo também o âmbito parapsíquico e espiritualista, tão pouco explorado no passado, mas agora encontrando corpo e respaldo científico para validação de seus princípios. Mais que isso: permite o encontro com saberes antigos e ancestrais, encontrados em diferentes sociedades, filosofias e religiões.



E o que é a Psicologia Quântica?


É a psicologia baseada nos conceitos quânticos. Um dos entendimentos é o proposto por Amit Goswami: para ele, todos os objetos de nossa experiência são vividos a partir de quatro vertentes: a dos pensamentos, dos sentimentos, dos sentidos e das intuições. E, quando os consideramos objetos quânticos, essas experiências guardam relação com a dualidade onda-partícula do elétron, isso significa: são tanto possibilidades (até então residem no domínio da consciência não-local - "onda") quanto realidades (neste âmbito, já residem na matéria, "partícula"), sendo esta determinada em quatro mundos: físico (sentidos), vital (sentimentos), mental (pensamentos), e supramental ou arquetípico (intuição).


Esse entendimento dialoga também com a ideia do observador como determinante para a manifestação de realidade, o que por sua vez também se conecta com saberes antigos, a exemplo do princípio do Mentalismo, encontrado no conhecimento alquímico. Há ainda várias outras ideias que podem ser aplicadas ao estudo da consciência. O conceito de flatland nos permite entender os aspectos da consciência que estão para além do que a mente concreta realiza no que diz respeito às três dimensões e reconhecimento da multidimensionalidade da consciência. Os estudos de Joe Dispenza, por exemplo, descortinam vários aspectos sobre o funcionamento cerebral e, ao relacionar neurociência, biologia, psicologia, hipnose, condicionamento comportamental e física quântica, buscam demonstrar como o que a ciência julga impossível tem, na verdade, aspectos que explicam o porquê da possibilidade real dos acontecimentos. Jacobo Grinberg, por sua vez, explica com sua teoria sintérgica a conexão que existe no Todo e como o inconsciente coletivo é na verdade um emaranhado real de conexões cerebrais entre todos os cérebros.


Enfim, são muitas as ideias da física que começam a ser aplicadas no campo de estudo da consciência e apresentam já evidências e resultados bastante satisfatórios. Vale ressaltar aqui um dos pontos mais questionados quando falamos de aplicar física quântica à psicologia. E este ponto também é importante para que não caiamos nas distorções que comentei a princípio: obviamente não estamos falando de utilizar o mesmo princípio que se aplica ao nível quântico literalmente no nível macro - de corpos e grandes massas - mas falamos de como extrapolar conceitos para desenho de hipóteses e estudos sobre a consciência e aplicá-los a experimentos que nos ajudam a compreender e confirmam o funcionamento da mesma. E assim a ciência se faz presente, desenhando de forma iterativa o novo paradigma.

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